visitantes

quinta-feira, 29 de março de 2007

E...pelas ruas da lua

Magriite
The lovers
1928


E quando se levam de rastros de astros
nevrálgicos gritos molhados de medo
os mesmos desastrados amantes
tropeçam em rasgos enfeitiçados
de raios caídos insones da lua
que menstrua prata minguante
sobre batons e nicotina.
E o devassado asfalto se curva,
refém, à sedução de esquinas
escuras, curandeiras de febres silvestres
das carnes entorpecidas.
E enquanto engravida de sol
o instante seguinte de rima,
a risonha persegue às escuras
brancas memórias oblíquas
fugitivas, por veias de versos
desacreditados.
E a faceira fada, em cima do salto,
pulsa solidão preterida do alto.
Ao passo que perolados só lhe dão
trapos tristes das tranças rotas das línguas
esc
orr
ida
s
pela fresta indiscreta que o céu lhes concede
E o sereno de promessas, amiúde, desce
do céu da boca pro chão bege,
espelho de papel que é a sede
de sonhos cadentes das ruas da lua.

28/08 a 02/09/05

3 comentários:

  1. Anônimo1:27 AM

    Um dia... Uma menina linda me ensinou que existem coisas que não precisam ser entendidas. Estão aí para serem sentidas... Foi assim que consegui "sentir" cada linha de "Água Viva"... Clarice...
    E agora não quero mais me preocupar em entender tudo... Tão melhor assim...
    Posso ler seus poemas...
    Sentir você brincando com com as palavras...

    Nina

    ResponderExcluir
  2. Li hoje teu texto que está em Cronópios, sobre a escritura clariceana...mais exatamente, sobre Água Viva...meu texto predileto de Clarice!... Magnífico, apaixonante, delicioso o modo como escreves, como traduzes o sabor, a potência, o perfume das águas-vivas da alma de Lispector! Amei. Abraços azulados.

    ResponderExcluir
  3. hmmm
    bom ver blogs assim
    "poéticos"
    gostei da sua forma de escrever!
    terá minha visita frequente

    ResponderExcluir