Eram quatro menos quarto de horas amarelas que espumavam junto com o detergente chorando gotículas que ansiavam a salvação do que se corrompera. Deitam-se na esponja, propensa a forjar a expurgação da panela preta. Poros friccionados. Era um estupro porque eu vi. Ela estava sem calcinha quando saiu apressada de casa em cabelos esvoaçantes, chicoteando o instante, como que prematurando o açoite. Jogou o vestido em cima de ir se indo. Isso de sem ver-se em verde relance, absorta em contemplação que brinda o equívoco e a falta de graça do agora que dilacera, o fio da navalha na quina que valia menos destratou o tecido de cima a baixo. Embaraço — puxão no braço —embaralhados — entre — em — (!). Mas a alça deitava ainda no ombro branco tingido de poeira da calçada e ela sem calcinha. O resto de grão de bico sobrava endurecido, porque sem caldo, na panela preta, imediatamente sendo lavada, às pressas. Que esperança! grão, bico, espuma, asfalto. Quase imperceptíveis resquícios do que fora comido pelos quatro, farto prato. Difícil de engolir. Memória de grão bege de medo entre cenouras e batata das grandes conversas fiadas. Crimes de carnes, pedaços menores inafiançáveis porque não podem ser vistos. A comida cada vez mais fria. Alimentado barrigas vazias em misérias maiores teria a ignorância? O asfalto era todo um grito despetalado em se trincando de riso que faz rinha. A cozinha, em caos de casos, ocaso que descalça alçando átimos, é inteira um copo que em se quebrando. Tudo farinha do mesmo caco.
00h
04/11/2007
04/11/2007
fico a pensar nesta linha intricada de argumentos e composições imagéticas com um conteudo critico social que revela nosso estado humano pós-moderno que é a violência; não será esta forma denunciativa com um contexto lirico e surreal uma bela forma de refletir a sociaedade e enfim o homem? continue assim, combinando realismo e intimismo poético em seus textos falando numa linguagem feminina, não feminista, sobre a mulher.
ResponderExcluirLi seu texto. Muito bonito e feminino. Um homem não poderia escrevê-lo. Lá estava vc, lânguida, espreguiçando um pouco mais de poesia das horas passadas a ferro e fogo.
ResponderExcluirum beijo,
adhirley
gosto muito dos seus textos velozes e criativos.. ainda ontem citei vc no meu blog, por causa da Lasanha..somos "parceiras" lá...um grande beijo
ResponderExcluirO que apreciei, e muito, foi o seu jogo de palavras, querida. Tudo muito bem cadenciado. Obrigado pelo convite para aportar aqui em tuas linhas!
ResponderExcluirBeijos
Narrativa envolvente, maravilha!
ResponderExcluirBeijo.
Bia!
ResponderExcluirvocê me assusta com tamanho... lirismo...
esse texto ficou lindo, maravilhoso, atordoante!
um beijO!
Linda,
ResponderExcluirsimplismente maravilhoso...ritmo forte, e ao mesmo tempo delicadamente poético!Adoro seus textos,
ósculos e amplexos:)
Muito inteligente e criativo o seu texto, Linda: "Memória de grão bege de medo entre cenouras e batatas das grandes conversas fiadas".
ResponderExcluirParabéns!
Conceição
Gostei do texto...dinâmico e firme...Linhas materiais de predominância em que;ali reside tempero de formas,quebra de textos, e aspiração imaginativa de como seria o lugar. Deixa-se crescer um caminho bom e gostoso de bailar das letras;uma licença da estória que nos transfere para um quase vislumbre real dos acasos ou fatos da vida.
ResponderExcluirOlá!
ResponderExcluirBom estou um caco...
Palavras poéticas unidas pela ausência da calcinha... Pelos caminhos pelas ruas...
Prosa para os dias, dias de reuniões a mesa, onde somos fagocitados por olhares e cacos...
Belo texto!
Parabens!
Abraços
Everaldo Ygor
http://outrasandancas.blogspot.com/
Beatrz,
ResponderExcluirmaravilha de conto!
abraço,
"Farinha do mesmo caco":
ResponderExcluirPÉSSIMO!!!
Desconsertante caminhar por entre cacos cortantes de arranjos de sentidos,como em "O asfalto era todo um grito despetalado em se trincando de riso que faz rinha." Suas palavras movimentam o imaginário onde se pode encenar o acontecimento e as tensões. Parabéns!
ResponderExcluirLIXO.PARE DE ESTRAGAR PAPEL!
ResponderExcluirImagens poéticas de grande beleza. Um forte abraço.
ResponderExcluirCaco
ResponderExcluirCalculo
Parco
Que taco
E traça um arco
Até a rinha
Sinhá
Tanto que tinha
Perdeu a linha
Virou farinha
Restou a minha
Quiçá
Possa sobrar
Algum bom pedaço...
querida Linda
ResponderExcluirsaludos afectuosos desde Santiago de Chile he venido a saludar y visitar su espacio creativo
33 abrazos
Leo Lobos
Adorei este seu conto
ResponderExcluirIntismista, feminino..
Lindo!!
Parabéns