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sábado, 1 de agosto de 2009

A paixão segundo Beatriz Bajo - Marcelo Ariel



o Mar, sempre muito atencioso e delicado com tudo o que escrevo, gentilmente escreveu um ensaio sobre meu estilo...evidente que é uma pessoa extravagante com o amor pelas palavras e exagerou na dose, haja vista que meus escritos não merecem tamanha consideração...mas, enfim, sinto-me uma privilegiada por tê-lo tão perto da alma e por receber esse carinhoso presente.
muito muito obrigada sempre...beijo-de-encharcar-a-alma
o ensaio foi publicado originalmente no site MEIO-TOM: http://www.meiotom.art.br/resenhamarcelobajo.htm - um sítio em que estão outras pessoas muito amáveis. ;)
bem, aqui deixo-o, na íntegra:





A paixão segundo Beatriz Bajo
Uma das características mais visíveis da poética de Beatriz Bajo é que ela transcende a busca de uma voz feminina e até abdica disso em nome de algo maior e mais honesto. Em nome do partido da palavra como exploração de um vasto espectro de sensações, que respiram dentro da dimensão do corpo, e não apenas do corpo feminino, mas do corpo como um símbolo como podemos notar nesse fragmento do poema Uma árvore pousa em meus olhos: " Uma árvore pousa em meus olhos, no tempo em que uma princesa dobra a esquina e é sempre essa atrevida folha que cai entre a brisa e o breu quando o vento descortina a pele." ou nesse outro fragmento de outro poema: " cada beijo é como comer borboletas/para que as matizes de dentro se libertem, se debatam/no assanhar das asas/entre predicados que traquinam no diafragma.."
Aqui estamos no terreno onde o vapor da linguagem é decantado em um lirismo imagético que não se opõe ao mapeamento de sensações que estão no limite do "dizer". É como se o "método" levado ao sutil paroxismo de Pessoa/Álvaro de Campos, com a interioridade do corpo brutalmente revirada para a exterioridade do mundo, para um "fora sem limites", se encontrasse com a explosão do diamante da potencialidade do sentir clariceano.
O poema de B.B. está em confronto com os limites do "dizer", limites mediados pela delicadíssima tensão entre a imagem e a palavra, nesse lugar-limite da expressão onde o ato de beijar se funde com a imagem do vôo de borboletas neste campo onde a exterioridade do corpo, em uma inversão do "método" de Pessoa/Álvaro de Campos, é limitada pela interioridade do mundo, em uma apropriação da perigosa ourivesaria clariceana, como uma chave que equilibra tensões incanceláveis entre o ser e o não-ser ou seja a natureza.
E isso é em essência o maior raio de força da poética de B.B., o tensionamento através de uma imagética surpreendente, entre aquilo que Bataille chamava de "erotismo" e a lapidação até a quase dissolução de um eu lírico que, para além das vozes do corpo e do mundo, não teme desaparecer dentro do ato de dizer algo maior do que sua própria paixão, no sentido metafísico do termo, não teme desaparecer naquilo que ama.
Marcelo Ariel

6 comentários:

  1. Tem presente pra ti. Eu dei o selo de Blog de Ouro pro seu site. Vc escreve muito. Beijos do amigo de Trema!

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  2. Feio, ams gente boa rsrs.
    abraços aos dois.

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  3. Uau!
    Adoro suas poesias e amei a resenha sobre elas!
    Beijo!

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  4. o cara explicou mesmo...
    queria poder dizer isso
    é algo do q sinto por tua poesia também...
    :::)

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  5. Linda Beatriz, nem precisava da aprovação do Ariel mas com ela ficou melhor ainda, visto o quilate do poeta. Adoro te ver subir a montanha assim beijos e beijos da Yara por minha conta.

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  6. mis saludos desde Santiago de CHILE

    Leo Lobos

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