visitantes

sábado, 16 de janeiro de 2010

o coração do sonho


oi, queridos!
perdoem minha ausência...a vida escapando e a gente caindo dentro do que não se cronometra (existe isto!?)...rs
enfim, Marião está ótimo... ô, cara porreta de forte...e a gente, ficando maravilhado com sua recuperação. beijo, querido!

saiu uma matéria muito legal no fim do ano sobre sonhos, no Jornal de Londrina, e eu tive a honra de participar com um poema meu, entre uma galera que admiro e adoro para além da poesia que se escreve.

antes dela, meus desejos, com os seus, são de muitas realizações em 2010, todas as cores por dentro, rea]s[cendendo-nos "hasta" o mais brilhante dos encantamentos.

beijo em cada alma

O POEMA:

Toda corda é segurança do sonho que se desprende pela vida e cai de paraquedas presente entre os reais vitrais precipitados, precipícios caquinhos dentro dos mosaicos nos ofícios dos incólumes coloridos que brincam de roçar segredos pelos vãos que fabricam remendos ebulidos nos tempos que não dormem e sangram alfazemas da boca das sirenas de várias pétalas que caem pelas rendas trançadas de lilases delicadezas entornadas pelo sempre dia que mora na lançadeira que alinhava o coração do sonho interminável quando engole a vida inteira enovelada nas linhas tatuadas do ser.



aproveitando a cara-de-pau e o encontro com Sato, publico a matéria mais antiga que saiu na Folha de Londrina no início do ano passado. (rsrs)


01/02/2009
Delicadezas a serem expostas
Com um livro inédito pronto, Beatriz Bajo esbanja talento como uma das novas vozes femininas da poesia londrinense
Os poetas escondem-se na internet. É a partir do universo virtual que eles difundem seus versos, ideias e provocações. Talvez por isso, grande parte da produção contemporanea brasileira permaneça distante dos leitores habituados aos livros.

A paulistana radicada em Londrina, Beatriz Bajo, é uma das muitas vozes que publicam seus textos na web. Formada em Letras, tem um livro inédito na gaveta, batizado de ''Varal de Ideia Fixa''. ''É um volume pequeno, de 30 páginas e com 28 poemas. O título faz alusão à ideia de retalhos, de pedaços de coisas a serem expostas'', explica ela.

A obra foi enviada para algumas editoras e amigos que têm contatos com editoras. A autora aguarda respostas. Enquanto isso, toca suas atividades literárias atuando em diversas frentes na rede. Além de manter um blog (www.lindagraal.blogspot.com), edita a seção literária de um site (www.armadilhapoética.com) e escreve resenhas para outras publicações virtuais.

''Essa história de que ninguém lê poesia não é verdade. Tem muita gente nova produzindo e muita gente lendo na internet. Quando coloquei anúncios de meu blog em alguns sites, o retorno foi enorme'', salienta. Segundo ela, quase toda produção literária na rede é feita apenas por paixão e prazer dos autores: ''A literatura toma muito tempo, mas muitos dos que se envolvem com revistas online não ganham um tostão para fazê-las. Há uma grande precariedade de recursos nesse meio, falta patrocínio'', lamenta.

Beatriz vive em Londrina há dois anos e meio. Veio do Rio de Janeiro, onde passou a adolescência e fez faculdade. Lá, intensificou a paixão pela poesia que a acompanha desde criança. ''Eu escrevia trovinhas no Dia das Mães'', conta. Ainda pequena, recebeu incentivo do pai que lhe apresentou uma antologia de poemas de Vinícius de Moraes, revelando todo aquele mundo de rimas e sonetos.

A partir dos 13 anos, passou a escrever sem parar numa fase de descobertas e mudanças típicas da idade. ''Naquela época, já sabia o que queria seguir e minha maior frustração era ficar muito tempo sem escrever. Achava que a inspiração iria acabar'', lembra. Já no Rio, o ambiente universitário colocou a autora em contato com gente que tinha as mesmas inquietações.

Fez oficinas de poesia, participou de antologias, foi premiada em concursos literários, viveu poesia dia e noite. Aprendeu com professores, mas nunca colocou a bagagem acadêmica à frente da intuição durante o processo de criação poética. ''Antes de conhecer os grandes poetas, eu já tinha noção de ritmo por escrever desde criança'', diz.

''A poesia veio antes que o estudo. Por isso, não acredito em poema acorrentado à formação teórica. Às vezes, o sujeito valoriza mais a forma que o conteúdo e acaba não tocando ninguém com seu texto''. Para a autora, a poesia ''tem que salvar a alma'' do leitor: ''Poesia, para mim, tem uma coisa de carne e de corte: é uma experiência visceral. Uma poesia verdadeira transforma a pessoa. Não tem como sair o mesmo do impacto que ela provoca, mesmo que seja uma experiência doída''.

Embora reverencie Carlos Drummond de Andrade, a autora se diz mais influenciada pela prosa de Clarice Lispector do que por poetas. De acordo com ela, a inspiração poética pode surgir a qualquer momento e em qualquer lugar, mas sua manifestação ocorre de maneira única para o poeta. ''Todo mundo pode estar observando uma mesma paisagem, mas o poeta traz um olhar diferente, como se tivesse um filtro para captar um fio de delicadeza daquilo. Tem que estar antenado para as situações e sensações'', assinala.

Apesar da vigília permanente, Beatriz não escreve todos os dias. ''Sou de guardar, de deixar os versos em incubação até que eles incomodem e se transformem numa febre'', revela. Ao virem à tona, seus leitores é que saem ganhando.

Comer borboletas

1/2.
cada beijo é como comer borboletas
para que as matizes de dentro se libertem, se debatam
no assanhar das asas
entre os predicados que traquinam no diafragma
que raia em transversais contrações
ventos adverbiais
1/3.
assim que se deitou
sobre meu pé tão delicadamente
trouxe-me algo de fenda
algo de talho, latente
entre os batentes da minha janela
adentrando pelos basculantes
roendo as sementes
2.
o dia inteiro nascia dentro de mim


01/02/2009
Varal de idéia fixa
Beatriz: ‘Uma poesia verdadeira transforma a pessoa. Não tem como sair o mesmo depois do impacto que ela provoca, mesmo que seja uma experiência doída’
...talvez tivesse receio de fazer pesar ternos meus a ponto de envergar o varal de idéia fixa. Cabiam sempre entre uma roupa e outra minhas meias. Meias verdes. Haviam de secar em céu aberto. A umidade é o mistério original... a secura, a verdade coagulada. Mas verde é cor molhada de sempre e quando baixei o varal, a tinta ainda estava fresca. Ingênua tentativa. Temi. Assim como me sinto mais viva molhada, entrei na máquina e lavei-me inteira. Esverdeei. Torci e retrocedi a ponto de dobrar-me quase. Amarrotada. Calcei as meias verdes, pendurei-me com cuidado no varal e estendi-me. Agora aguardo que o sol me quare.
01/02/2009
Pesada a Mar Ariel
o mar tem um pé que dorme e é avesso
ele o agita com despeito do sono
o que é o sonho do pé? Talvez mais chão
o chão de fabulações em que se
pisa sendo e que não incisa a sanha
mais perto das plantas brotam incêndios
ahh...bom meter o pé no que amanheço
e caminhar sangrando todo outono
que desfalece no dobrar dos joelhos
os joelhos como que íntimas maçãs se
encolhem temendo o abocalcanhar
do que se consome onde permaneço
e mais sangra de lamber o que espiono
as carnes abertas que rasgam o verbo
mais perto das plantas brotam incêndios
onírico é o tempo em que me insiro
tropeçando no que desacredito
e chutando as palavras goelas abaixo
é preciso apressar o pé que dorme
há que se andar

Nelson Sato
Reportagem Local

Um comentário:

  1. Cheguei seguindo os links d'O Bule.
    Gostadíssimo. Em especial "Comer borboletas".
    Boa sorte com o livro.

    ResponderExcluir