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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Aos que sentem dor

quereria regar seda no colo de tuas angústias

que valessem mais do que minhas lágrimas

inertes, enfraquecidas pelas ausências

de casa por onde o fiapo de nuvem não

corta as imensidões


quereria que um abraço significasse mais

do que certezas inúteis e que o voo do desejo

murmurado ao instante generoso

fosse sempre a chegada do alívio

e que ele não esmaecesse diante

do misterioso alicate a alavancar

suplícios e estes poderiam

amedrontar-se com o beijo

que salvasse todos os pores de sol


quereria reverter as importâncias

e que o vento acariciando as sementes

realmente atenuasse as fisgadas

do tempo que confia te arrastar

e que os bem-te-vis da tardezinha cálida

te induzissem a seguir caminhos

rubros mais delicados e sorridentes

antes da esquina afiada


quereria que os planos de encantamento

fossem descobertos com as manhãs

que bocejam todas as surpresas

recém-nascidas

balbuciando pequenos enfeites

que bordam as almas de fé

perfumada


quereria ter a cor mais acolhedora

para pintar minha palavra

e com o traço firme de quem se entrega

lambuzar meu corpo que por ti reza

sem rasgar as nuances embaçadas

pela água inflamada por desejar

curar-te

todos os ecos reclamam a vida

absolutamente inventada a

cada novo verso caído por dentro

do único estro a legitimar

a flor que brota no papel da história

2 comentários:

  1. Perfeito Linda.
    Me transmitiu uma sensibilidade extraordinária.
    "por desejar curar-te todos os ecos reclamam a vida" Isso é lindo, fiquei emocionada!
    Bj!

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  2. Anônimo12:50 PM

    Linda! Minha musa inspiradora na dança que faço. Parabéns pelo blog e é lóoogico que estou seguindo! (vai me aguentar aqui fuçando nos poemas e afins? ^^)Espero tb que goste do meu. Bjocas! ;***

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