dentro de 15h há uma criança que grita, engatinha até a beira da minha saia e arranca-a com seus dentes de leite...
precipício de mordiscar anseios encarnados em cada novelo de linha de lã em cada fio de cabelo segredado
bebê atrevido de lamber meus seios e cuidar de eu derreter-me por ele permanecer íntegro e carente do que posso oferecer-lhe. Não faço outra coisa senão cuidá-lo para que não se machuque, não vá até a janela sozinho...tenho medo de imaginar suas quedas. seus ruídos e sussurros são inconfundíveis...ele comunica-se naquela língua dos anjos e sou toda trepidação quando o ouço. Ele olha-me com as bilhas do saber anterior...e sacode com os lábios um oráculo de cristal. Ele aperta minhas coxas querendo colo e eu cedo incessantemente. Acho que ele nasceu para morar no que eu sou, toda derramamento...quero alimentá-lo da minha umidade a fim de que ele viva de esquentar os vãos com seus dedos audazes e delicados.
E o bebê vem beijando-me com essa maciez, seguindo os passos do que vem chegando...
existe falta na imensidão
"Acho que ele nasceu para morar no que eu sou"
ResponderExcluirAdorei isso. Muito bom.