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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

abaixo dos negativos



Henri Cartier-Bresson

I
os afetos e as fotos vêm ligeiramente
refeitos perto dos leitos dormidos
luzes nos colos acesos acocorados
rio de fato pelo meio do retrato
coletâneas subcutâneas capturadas
pelas pestanas empesteadas de silêncio e
céus em botões  suspensos até o tom maior

II
eclipse-Eurídice disse com timbre de tigre
que a textura ampliada das lembranças
lambidas por fora das hélices intempestivas
dança com moléculas em anagrama
enroladas nas películas envelhecidas
hologramas inexplicáveis

III
o tempo é o medo empedrado em sétima
vertigem, fábricas bilabiais de feitiços
oclusões encadeadas entre salivas e vivas
ondulações cuspidas de um vulcão
espreguiçado como a borra de café flagrante
nos dedos que agarram a borda da colher
pescam fés equilibradas nos focos

IV
fotômetros internos descobrindo fissuras
velozes veludos rasgando azuis
pelas lentes fantásticas aglutinadas de
serpentinas para as aleluias
abrem e fecham nos dias eleitos
os desenhos sobre efeitos de cintilações
transversais como os beijinhos dos quintais

V
até o clique ancorado no estalo do abraço

Um comentário:

  1. Um dia quem sabe após muitas leituras e releituras eum me sinta capaz de comentar esse maravilhoso poema...esse flash poético!

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