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domingo, 17 de junho de 2012

a maçã da fada



para ela

todas as evas comem a maçã vermelhíssima do amor primitivo que engatinha até o colo da velha mãe e lá faz morada.
o colo cheio de vincos que, de tempos em tempos, tornam-se recifes à flor de todas águas
lágrimamálgamas de olhos abertíssimos dos meninos frágeis que ela acolhe
a velha mãe é o céu invertido, tombado e sussurrado aos ventos delicados que passeiam pelos nós das gargantas em coral inaudível para curas reais
todas as mãos são a mesma mão que acarinha o ventre
terra desabotoada pela fina flor da ternura intensa de elas estreladas neste firmamento em que se pisa e não se pode corromper
porque não é fabricado; mas original, antes do homem, além dele, sempre sendo.
não se vê com os olhos nascidos, mas com os que nunca saberão o que é morrer
como nos contos de fadas em que o feitiço é a verdade e mentira, o que se enxerga na vida desacordada em que se pensa estar.
sou dos encantamentos inalterados e dos amores que nunca se macularam porque só podem ser tocados com a pele dos maravilhamentos, com as pétalas impossíveis do temposemtempo


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