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domingo, 16 de setembro de 2012

inverno austral


estrelas pinçam o cuco dourado 
curvado ante a luz do tempo tocado 
Juno abocanha a ponta da escura linha 
ateia fogo na entrelinha do tapete persa 
brama bramindo o baralho de tarô 
21 é a carta que o leque dispersa 
carvão carmim lambendo o platô 

mundo aceso para janelas arregaladas 
verde intenso sob patas de uma vaca 
fêmea observando de fio a pavio 
o feitio incandescente de Mitra 
antecipando a imersão da memória 
deslembrada que a musa arbitra 
frente aos rios riscados de glória 

azimute nas asas insolentes da águia 
rebentando meadas: em nó solar rodopia 
gemas fulgurantes invocadas ao milagre 
que se consagre por inverter romã 
– sonho tantas vezes plantado – 
no jardim intacto artesanal talismã 
utopias de girassóis imantados

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