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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

ode às distâncias

foto: Beatriz Bajo

existe um mar dentro de um envelope sem remetente 
a tinta usada para a carta é opaca 
talvez escrita a lápis 
existe uma constelação de palavras sem significado 
aparente 
quem sabe ápis 
um tanto de saudade nos olhos de ressaca 
atravessados 

II 
existe um pé dentro de um galope sem acidente 
o tango traçado para o corpo empaca 
talvez uma cicatriz 
existe um coração descompassado 
saliente 
quem sabe aprendiz 
um tantã de samba gris na mão que aplaca 
inveterado 

III
existem países dentro de um xarope sem entorpecente 
o tinto bebido para o peito é faca 
talvez arranque a raiz 
existem línguas aladas sem agasalho 
frementes 
quem sabe fuzis 
um tasco de silêncio na tez que arrebata 
bordado

4 comentários:

  1. Vinicius Baião3:54 AM

    Tempos sem vir aqui e quando apareço me deparo com esta lindeza. Que poema belo, inquieto, com tanto a dizer...

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    Respostas
    1. obrigada, Vinicinho!!!
      seja sempre bem-vindo aqui! ;)

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  2. Uma poesia única, escrita por uma poeta nata,uma escritora talentosa,uma operária das palavras que as lapida até transformá-las em jóias preciosas. Metáforas belissimas e muito bem contruidas tornam essa poesia quase que perfeita. Uma obra-literária portentosa. Beijos poeticos em ti poeta. Grata surpresa em descobri-la.

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  3. puxa vida, muitíssimo obrigada, Elton!!! ode aos olhos! rs

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