Santiago El Grande
Não eu não tenho vozNão...eu tenho voz
Só que não falo
Quer dizer, não me expresso
É pra dentro que converso
Tricotando com inverso
Que é o certo de mim
É o avesso primeiro
Ou será que é segunda?
Mas seria seguindo
O chão mais intocado
Que pisaria fundo
No mundo que eu pertenço
E grito firme
E agarro o terço
Pelo laço que agradeço
Então, no “sem-tocar”
É aonde eu chegaria
Bem perto. De quem?
Nas terras de ninguém
Não, desculpe eu não canto
Conto as horas distantes
Que me aproximam do meu canto
Uma quina atravessada
Que eu teimo em cantar de cor
Pra quem não preciso ter voz
Na esquiva da minha sina
Anoitecem as decisões
Estacionando na esquina
Onde se cruzam artérias
Das mais estudadas matérias
Da prova de abstrações
Fisgadinha de senãos
Corda que não arrebenta
Além das conexões vocais
Sussurrando por entre vãos
Mais firme que as de emboscada
Ecoando em construções
Do mesmo aço desta corda
Que se enrosca de borda
E tensa pela viola
E geme e vibra e implora
Mas não é o dedo que esfola
É o medo
Filhote no sereno
Um pote de veneno
A nota de um enredo
Que é triste e trinca o peito
Medo de não ter conserto
Que rasgando a pele espinho
É medo pequenininho
Que dói por estar sozinho
E enjoa como brinquedo
Menino que cresce e esquece
Desliga o chuveiro e molha
Seu calado travesseiro.
05/02/2007
05:30h
Muito bela a sua poesia, um ritmo encadeado, gostei desses versos, particularmente:
ResponderExcluir"E tensa pela viola
E geme e vibra e implora
Mas não é o dedo que esfola
É o medo"
Felcidades,
João de Moraes Filho
tristão esse; para quem não tem voz vc escreve muito
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