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sábado, 14 de novembro de 2009

sem-dia

Crise-álida IV
Fernando Figueiredo - 14fev2008


o sem-dia anterior para a cura
o posto de saúde é uma caixa de música aberta, tocando tristezinhas em negativos aos olhinhos arteiros das crianças a magreza em lenta e trêmula mão nos documentos, o gorro e a cadeira verde de plástico os avisos de prevenção do corpo, as campanhas banheiro sem papel os vidrinhos quadriculados as conversas fiadas ruídos e tosses as cores o balançar dos pés em desoladora espera - você tem língua? mancar é um estar no quase. raios-x de riscar esperanças e fósforos que não cabem nos bolsos



o sem-dia para a cura

...enquanto o gato manso rodeava a leitura de Calixto o gato pardo embaixo do banco de concreto passeia, soturnando a entrada do hospital bem mais concreto roendo os cânceres sob a tarde cinzenta, firmam suas alianças dentro dos braços gélidos da vida que ainda não se encerra entre o colchão fino, o ferro e o cochilo de fera atravancando as saídas à espera da cadeira de plástico coberta, escudo ao dorso engessados desejos crispam sob a penumbra dos corredores famintos de cor sono sono sono pombas no peito lá fora, as titicas de números pousam nas cabines de votação dentro dos colégios melancólicos pela democracia entalada sempre neblina latidos sacodem as cortinas que se amedrontam de ventos antigos arrepios e alcoóis nas mãos nãos as crianças ainda cantam supervisionadas pelas moscas do tempo que insiste em ficar

2 comentários:

  1. cada vez mais tu me surpreende...
    amo, simplesmente amo o que tu escreve... és a melhor e ponto final!
    :::)

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  2. Textos que provoca sentidos. Gostei!!

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